A origem da sexta-feira 13Aproximadamente 4 min. de leitura

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Você já parou pra pensar por que tanta gente ainda tem medo da sexta-feira 13? Dá azar? Acontece alguma coisa ruim? Ou será que a gente apenas repete o que ouviu a vida inteira, sem nunca ter parado pra olhar de onde vem esse medo todo?

A verdade é que, como quase tudo na nossa cultura, essa superstição tem raízes bem mais profundas do que parece. E quando a gente puxa esse fio, ele nos leva direto a um episódio marcante da história da humanidade, e não é lenda urbana nem invenção de filme de terror é real, é sobre poder, traição e uma morte que virou símbolo de um dia “amaldiçoado”.

Vamos voltar no tempo.

Estamos na França, no século XIV. O país era comandado por Felipe IV, conhecido como Felipe, o Belo. O rei era ambicioso, orgulhoso e, como tantos outros da sua época, muito preocupado com seu poder e com suas dívidas. E é aí que entra a Ordem dos Cavaleiros Templários.

Os templários eram uma ordem religiosa e militar, criada durante as Cruzadas. Com o tempo, se tornaram extremamente ricos e influentes. Tinham terras, castelos, dinheiro e, o mais perigoso de tudo, prestígio internacional. Eles não deviam obediência ao rei, mas ao Papa. E isso incomodava profundamente Felipe.

Entre os templários, o mais respeitado era Jacques de Molay, o grão-mestre da ordem. Um homem de fé, de princípios rígidos, mas que talvez tenha sido ingênuo demais para perceber o jogo político que se armava ao seu redor.

Na calada da noite de uma sexta-feira, 13 de outubro de 1307, por ordem direta de Felipe, os templários foram presos em toda a França. Milhares de cavaleiros capturados de surpresa, acusados de heresia, blasfêmia e rituais obscuros, tudo baseado em confissões extraídas sob tortura. A realidade? O rei precisava acabar com a ordem e, de quebra, confiscar suas riquezas.

Jacques de Molay foi torturado, forçado a confessar crimes que nunca cometeu, e depois passou anos encarcerado. Em 1314, finalmente foi condenado à morte. Antes de ser queimado vivo em praça pública, teria lançado uma maldição: convocou o rei e o Papa a prestarem contas diante de Deus no prazo de um ano. Curiosamente, ambos morreriam poucos meses depois.

Essa execução brutal, num contexto de traição e cobiça, deixou uma marca simbólica tão forte que acabou associada ao dia em que tudo começou, uma fatídica sexta-feira, dia 13.

Antes mesmo de Jacques de Molay, o número 13 já carregava um certo peso simbólico. Em muitas culturas, ele rompe com o padrão considerado “completo” do 12, como os 12 meses do ano, os 12 signos do zodíaco, os 12 apóstolos. O 13 parece estar fora de lugar, como algo que sobra, que desequilibra.

E quando esse número “fora da ordem” se junta a uma sexta-feira, dia em que, na tradição cristã, Jesus foi crucificado, o resultado é visto por muitos como uma combinação azarada. Mas a história dos templários deu corpo e sangue a esse simbolismo.

Agora, vamos sair da história e entrar um pouco na psique humana. Por que essas datas simbólicas nos afetam tanto?

Porque, no fundo, nós não esquecemos o que nos marcou como cultura. A história de uma traição, de um homem justo queimado vivo, de um poder que corrompe, isso tudo fica gravado, mesmo que a gente não saiba explicar. O medo da sexta-feira 13 é menos sobre acontecer algo concreto e mais sobre uma memória coletiva, quase como um trauma que ninguém viveu diretamente, mas que todos carregam de alguma forma.

E isso diz muito sobre nós. Mostra como eventos do passado continuam vivos dentro da nossa forma de pensar, sentir e reagir. Mostra também como a superstição não nasce do nada, ela é um reflexo simbólico de experiências reais, muitas vezes dolorosas.

Sexta-feira 13 não é só uma superstição boba ou um pretexto pra maratonar filmes de terror. Ela carrega nas costas uma história de ambição, injustiça e memória ancestral. E quando a gente entende de onde vem esse medo, ele deixa de ser tão assustador. Passa a ser um convite à reflexão, sobre o poder, a fé, a coragem e as marcas que o passado deixa na gente.

Jacques de Molay não foi apenas uma vítima. Ele virou símbolo. E, talvez por isso, o mundo ainda se lembra dele, sempre que o calendário insiste em alinhar o 13 com a sexta-feira.

Vai dar azar? Provavelmente não. Mas vai te lembrar que, às vezes, o que parece superstição é só a forma que a história encontrou de não ser esquecida.

Paz e Luz.

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