Ser isento se tornou um crime

Isentão

Está mais que claro que temos um movimento de “dualização”, visto principalmente na internet. Obrigatoriamente você tem que assumir um lado, e ter um lado de preferência não é problema, o problema é acharem que ao assumir esse lado você não pode achar que há falhas nele, tem que concordar com 100% de suas ações.

Usando a política como exemplo, que é onde vemos isso frequentemente e com muita intensidade, se tornou popular chamar uma pessoa que critica falhas dos dois lados de “isentão”, alias isso se tornou uma forma pejorativa de classificar alguém, é quase como um xingamento.

Para ilustrar essa questão vou montar um cenário hipotético.

Imagine que você contrata um profissional para trabalhar para você, apenas como exemplo vamos usar um(a) empregado(a) doméstico(a), mas poderia ser qualquer outra função.

Digamos que esse profissional que está em sua casa em determinado momento lhe roube algo, você descobre e demite essa pessoa. Naturalmente você irá procurar outra pessoa para a função, a encontra e ela começa trabalhar, depois de algum tempo essa pessoa também lhe roubou algo.

Neste ponto e lhe pergunto: Você justificaria o roubo de uma delas com o roubo da outra? Você deixaria de criticar uma das duas pelo roubo, inclusive defendendo-a para os outros?

Imagino que neste caso sua resposta será que a crítica é para as duas pessoas que lhe roubaram e a partir desse momento, neste cenário, vendo o comportamento político da população em geral você seria chamado de “isentão” como forma de desqualificar sua opinião, pois você tem que ter um lado!

Ao ler o trecho acima você pode afirmar: Nada a ver!

Concordo plenamente, parece irreal esse tipo de comportamento, agora vamos mudar apenas a profissão, em vez de empregado domestico vamos falar de presidente da republica, também pode ser governador, prefeito, vereador, senador ou qualquer outro cargo político seja ele de direita ou esquerda.

Pensando nesse cenário quantas pessoas você vê, por exemplo, na internet com essa postura?

Essa postura se tornou um veneno tão grande que as pessoas são “roubadas” e defende quem as rouba justificando que o outro roubou antes, e tem aqueles que defendem quem os roubou antes porque o de agora esta te roubando, ou seja, na prática você está defendendo quem em algum momento te roubou.

Cada um pode e deve ter suas preferências políticas ou qualquer que seja, mas precisa ter consciência e entender que sua escolha não dá carta branca para que se cometa qualquer erro ou crime.

Caso entenda que há erro, seja neste ou naquele que em algum momento lhe roubou ou lhe enganou e a partir disso aponte o erro de todos eles, sem aliviar para um ou para outro, isso não o torna “insentão”, isso mostra que você tem discernimento e observa, de forma justa e crítica, o que deve ser corrigido, independente de sua preferência política.

Na verdade ser “isentão” não é um xingamento, isso mostra que você tem discernimento independente de preferência política e tem coragem de se posicionar independente de situação ou oposição, na prática você não é isento, você se posicionou em relação aos erros independente de quem os comete.

Paz e Luz.

2 thoughts on “Ser isento se tornou um crime

  1. Álvaro Netto disse:

    Excelente apresentação da realidade atual das nossas redes sociais meu amigo… Por um momento as redes sociais uniam pessoas, você mandava convites (orkut, facebook)… Em determinada altura colocaram o poder de escolhermos nossos grupos… Fomos automaticamente classificados pelos grupos que seguíamos… Em um terceiro momento colocaram realidades para classificarmos… Cada grupo tinha uma determinada reação e a maioria era uma reação contrária ao grupo que não pertenciam… Outras realidades apareceram para dividir… Política é uma delas… Sexualidade outra… Educação outra… Religião outra… Isso mostra uma tendencia de extremismos humanos… É interessante… Parabéns pelo tema… Um forte abraço meu amigo…

    1. Obrigado Alvaro.

      A ideia é colocar em evidência que não existe apenas preto e branco, que entre um e outro existem várias nuances e que ninguém, em nenhum dos lados, acerta 100% ou erra 100%.

      É precisa ter discernimento para olhar as atitudes, e mesmo que sejamos simpatizantes daquele lado, ter senso crítico, discordando caso necessário.

      Abraços.

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